quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As Hierarquias Angélicas e os nove coros




É necessário procurar na própria Escritura a indicação de uma espécie de distinção no mundo angélico ou de hierarquia que desembocasse nos “nove coros dos anjos” de que fala Santo Ambrósio pela primeira vez no século IV. Quando São Paulo nas suas cartas faz referência às tradições rabínicas falando de Arcanjo (1 Tess 4,16), de Principado, Potestade, Virtude, Dominação (Ef 1,21), títulos aos quais se acrescenta o dos Tronos (Col 1,16), é para afirmar que Cristo com a sua própria divindade domina toda criatura angélica por mais perfeita que se possa imaginar, e que “tudo foi criado por ele e para ele”. Ensinamento preciso não somente para dar a Cristo o posto que é seu, mas para distinguir o mundo angélico, inteiramente em poder do seu Criador, do mundo dos espíritos, demônios ou outros semideuses que agiriam por sua própria conta, e por vezes em revolta vitoriosa contra as divindades mais poderosas das lendas pagãs.

A devoção aos anjos dividiu os espíritos celestes em nove coros, unindo os querubins e os serafins às potestades angélicas providas de seis títulos já enumerados pelo Apóstolo Paulo e acrescenta como último coro os Anjos, sem título particular.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS

Gênesis 3,24: Querubins
Isaías 5,2: Serafins
Ezequiel 10,3: Querubins e Tronos
Daniel: miríades angélicas, Gabriel e Miguel
Tobias: Rafael
2 Macabeus: Exércitos celestes, Miguel
1 Tessalonicenses 4,16: Arcanjo
Romanos 8,38: Anjos, Principados, Potestades
1 Coríntios 15,24: Principados, Dominações, Potestades
Efésios 1,21: Principados, Potestades, Virtudes, Senhorias ou Dominações
Efésios 3,10: Dominações e Potestades celestes
Efésios 6,12: Principados e Potestades
Colossenses 1,15: Tronos, Dominações, Principados e Potestades
Colossenses 2,10: Principados e Potestades
Colossenses 2,15: Principados e Potestades
1 Pedro 3,22: Anjos, Principados e Potestades
Judas 9: Arcanjo Miguel
2 Pedro 10,11: as Glórias
Hebreus 12,22: exército incontável de Anjos
Apocalipse: os sete Anjos, Miguel, os Vigilantes, etc...

CLASSIFICAÇÕES DOS ANJOS

Segundo São Tomás de Aquino, é de maneira hierárquica, graduada e ordenada que a luz divina é comunicada aos Anjos, da primeira hierarquia até a última.

“A palavra ‘hierarquia’ significa ‘Principado sagrado’; a palavra ‘principado’ compreende duas coisas: o próprio príncipe e a multidão ordenada sob ele. O ‘Principado sagrado’, entendido no seu significado pleno e perfeito, designa toda a multidão das criaturas racionais e chamadas a participar das coisas santas sob o governo único de Deus, Príncipe supremo e Rei soberano de toda esta multidão”. Não há uma classificação uniforme na Igreja sobre os nove coros dos Anjos. A de Dionísio Aeropagita e a do Papa São Gregório permanecem a referência.

Representações:
A Primeira Hierarquia: Serafins – Querubins – Tronos
Representa Deus nas suas perfeições íntimas: ardente amor, viva luz, inalterável santidade.

A Segunda Hierarquia: Dominações – Virtudes – Potestades
Representa Deus na sua soberania sobre as criaturas: poder sem limites, força irresistível, justiça imutável.

A Terceira Hierarquia: Principados – Arcanjos – Anjos
Representa Deus nas suas ações: sábio governo, sublimes revelações, constantes testemunhos de bondade.

Oração ao Santo Anjo da Guarda:
Em latim: Angele Dei, qui custos es mei, me, tibi commíssum pietáte supérna, illúmina, custódi, rege et gubérna. Amen.
Em português: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa e me ilumina. Amém.

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